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  • Foto do escritorInes Rioto

Jovens ajudam idosos solitários na Alemanha.


Quase um quinto dos aposentados na Alemanha corre risco de pobreza. De acordo com parâmetros da União Europeia, está na zona de risco de pobreza quem recebe menos de 60% da renda média, que, para uma pessoa sozinha, é de 999 euros por mês.

Na opinião do cientista político e pesquisador sobre pobreza Christoph Butterwegge, quem dispõe de menos de 999 euros por mês e vive sozinho não está em risco de pobreza, "mas na realidade já é pobre".

Na Alemanha, há mais de 17 milhões de aposentados. Se um em cada cinco for considerado pobre ou em risco de pobreza, isso significa mais de três milhões de pessoas – e, portanto, potenciais clientes da "Obstkäppchen". Em Hennef, a associação ajuda 86 idosos que foram consultados pelo Escritório de Assuntos Sociais e deram o consentimento para participar do projeto.

Contra a solidão

Além da oferta de alimentos saudáveis, há um segundo objetivo: tirar esses idosos da solidão, pelo menos por alguns momentos. Muitos deles vivem sozinhos e, sem dinheiro, não conseguem participar da vida social. "O dinheiro não é suficiente para viajar de ônibus à cidade vizinha e visitar a irmã", descreve Carina Raddatz a situação de alguns idosos.

Embora alguns dos aposentados fiquem felizes somente com a sacola de alimentos e não queiram conversar, Raddatz estima que cerca de 70% do público atendido pelo programa alegram-se, especialmente, em manter um diálogo.

Frequentemente acontece de o senhor ou senhora colocar a sacola de comida na cozinha e convidar o voluntário para um café. "Eles ficam muito, muito felizes. Eu acho que isso é o mais legal, que com relativamente pouco tempo você pode fazer muito", diz a cofundadora da iniciativa. A fim de estabelecer uma conexão, os idosos são sempre visitados, na medida do possível, pelo mesmo voluntário.

Butterwegge confirma o impacto negativo que a falta de dinheiro tem sobre a vida social: "Ser pobre é mais do que ter pouco dinheiro no bolso, também significa isolamento social". Por isso, ele fica satisfeito com iniciativas como essa. No entanto, ele faz uma ressalva: "O engajamento da sociedade é muito bem-vindo, mas deve ser sempre apenas uma adição e não um substituto". Para o cientista político, há o risco de o Estado usar tais iniciativas para reduzir a ajuda social prestada.

A ideia do projeto surgiu há três anos. "Eu estava no centro de Colônia e vi uma senhora idosa recolhendo garrafas do lixo", conta Raddatz. "A cena realmente mexeu comigo e eu comecei a pensar no que poderia fazer para ajudar". Assim, no final de 2017, nasceu a "Obstkäppchen".

Em 2018, a associação recebeu uma das 100 bolsas de estudo do "Startsocial", competição nacional para promover o engajamento social voluntário. Por um ano, os projetos foram acompanhados, e os 25 melhores concorreram a um prêmio em dinheiro e uma homenagem da chanceler federal Angela Merkel.

O projeto "Obstkäppchen" acabou classificado entre os sete melhores. Além da homenagem da chefe de governo, recebeu 5 mil euros e, claro, muito prestígio. A associação já pensa em expandir e ainda este ano pretende ampliar sua atuação para a região de Colônia e Bonn.

"Pensamos muito sobre que nome poderíamos dar ao projeto", diz Carina Raddatz. "Então, de fato, após algumas cervejas, lembramos da Chapeuzinho Vermelho (em alemão, "Rotkäppchen"), que ao levar comida para a vovó é engolida pelo lobo mau. Então pensamos: é uma referência à pobreza na velhice, que também engole os idosos".


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