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Foto do escritorInes Rioto

A desigualdade afeta o envelhecimento de todos


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Quanto mais ricos somos, maior a expectativa de vida. Quanto maior a desigualdade, mais baixos são os indicadores de saúde e bem-estar de todos, pobres e ricos

Esse “gradiente social” está intimamente ligado a outros determinantes do envelhecimento ativo de que já falamos em colunas prévias: estilos de vida que protegem nossa saúde e bem-estar (como não fumar, fazer baixo consumo de álcool, ter uma dieta mais saudável eabolir o sedentarismo) e ao que nos oferece o ambiente em que vivemos.

Dados do estudo Longitudinal Inglês do Envelhecimento (ELSA na sigla em inglês), por exemplo, mostram que pessoas com condições econômicas mais baixas têm:

  • Maior chance de fumar

  • Ser sedentários e obesos

  • Desenvolver doenças crônicas

  • Desenvolver doenças de saúde mental

Dados do Estudo Longitudinal Brasileiro sobre a Saúde do Idoso (ELSI-Brasil), publicados em setembro de 2018, ainda revelam que limitações na execução de atividades básicas da vida diária, como se alimentar ou se vestir, são mais concentradas em pessoas idosas pobres. Essa relação é, principalmente, evidente quando se olha a associação entre as limitações e a renda e educação. Análises de dados do mesmo estudo também demonstraram que há uma associação forte entre o nível socioeconômico e a qualidade de vida percebida entre pessoas idosas.

Igualdade socioeconômica

No clássico estudo The Spirit Level (Editora Bloomsbury Publishing), sobre desigualdade, Richard Wilkinson e Kate Pickett mostraram, por meio de evidência empírica, que as populações de sociedades com maiores diferenças de renda tendem a ter piores indicadores de saúde, como expectativa de vida ao nascer mais baixa e obesidade. Maior desigualdade também tem impacto negativo nas relações interpessoais, mais violência e, consequentemente, maior população carcerária.

Recentemente, os mesmos autores publicaram outro livro, intitulado The Inner Level (Editora Penguim Random House). Nesse estudo, eles demonstram que “pessoas em sociedades mais igualitárias estão mais propensas a se engajar em grupos locais, organizações voluntárias e associações cívicas. Elas são mais propensas de sentir que podem confiar nos outros, têm maior vontade de ajudar os outros e as taxas de violência são menores”. O livro ainda demonstra que o nível de ansiedade em sociedades mais desiguais é maior para todos, ricos e pobres. Não preciso dizer que maiores níveis de ansiedade geram maior pressão arterial, um grande fator de risco para a saúde.

Oportunidades iguais

É claro que as condições econômicas influenciam a maneira na qual envelhecemos, diretamente e indiretamente. Precisamos então pensar em estratégias, como indivíduos e sociedade, para criar oportunidades mais iguais — como o acesso aos sistemas de saúde e educação e adoção de estilos de vida mais saudáveis — para, assim, mitigar os efeitos da desigualdade no curso de vida.

Apenas em sociedades mais igualitárias, podemos de fato prosperar como país e como indivíduos


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