Aging in place e suporte social : Um estudo num município da Região Norte - Portugal
Resumo:
O envelhecimento populacional e individual é um fenómeno que tem vindo a acentuar-se nas últimas décadas, sendo cada vez maior o número de idosos a viver em casa.
De acordo com Pastalan (1990) “Aging in place refers to being able to remain in one’s current residence even when faced with increasing need for support because of life changes, such as declining health, widowhood, or loss of income” (p.1). Por outro lado, outros autores consideram a abordagem Agin in place como uma política emergente com foco principal na compreensão da interação entre as mudanças ocorridas no envelhecimento e no ambiente onde o idoso se integra, salvaguardando a continuidade e manutenção da pessoa idosa no contexto onde sempre viveu.
Já Paúl (2005) considera Aging in place como a permanência do idoso no seu lugar até mesmo quando os seus níveis funcionais diminuem e há necessidade de apoio para compensar a autonomia perdida.
Segundo Feldman e colaboradores (2004), a maioria dos idosos prefere permanecer em casa à medida que envelhece. Esta preferência deve-se essencialmente à possibilidade de as pessoas mais velhas permanecerem por mais tempo independentes, autónomas e continuarem a manter as ligações com a sua rede social. Esta relação ou vínculo é, sem dúvida, muito importante para a qualidade do processo de envelhecimento. Deste modo, os ambientes físico e social, assim como as redes de vizinhança e de suporte social podem ser fatores optimizadores ou limitadores do envelhecimento individual, já que interferem nos domínios da autonomia e da qualidade de vida e bem-estar (Paúl, 2005).
Face ao exposto, o presente estudo, de natureza quantitativa e descritivo, tem como objetivos (1) caracterizar a população idosa residente em dois bairros sociais de um município do norte do país do ponto de vista sociodemográfico; (2) avaliar as redes de suporte social das pessoas com 65 e mais anos a residir nesses bairros sociais; e (3) avaliar a relação dos moradores com 65 e mais anos com a casa e o bairro.
Neste estudo participaram 19 pessoas com 65 ou mais anos, residentes em dois bairros sociais de um município do norte do país. A recolha de dados foi efetuada com recurso a um questionário semiestruturado, criado especificamente para o estudo e a Técnica Convoy.
Os resultados obtidos permitiram constatar que a população em estudo é maioritariamente feminina, na terceira idade (M=76,32, D=8,91) e pouco escolarizada (M = 1,74, DP = 1,97). Além disso, revelam uma forte relação com a casa e o bairro, uma vez que a maioria considera que habita a casa que idealizou, considera-se satisfeita com a mesma e esta é fonte de memórias positivas; também a maioria gosta de viver no bairro, está satisfeito com as condições e a segurança do bairro e aponta como principais limitações a escassez de serviços de proximidade. No que se refere à rede de suporte social, em termos da componente estrutural da rede de suporte social pode-se averiguar que o círculo mais próximo (composto por um número médio de 2,2 pessoas) é o que revela maior número de elementos com tendência a diminuir à medida que os círculos se vão afastando, com uma média de 1,1 indivíduos no círculo mais afastado. Já ao nível da dimensão funcional do suporte social, importa destacar que todos os participantes têm elementos da sua rede que lhes proporcionam todos os tipos de suporte, não tendo sido identificado qualquer participante que não recebesse um ou mais tipos de suporte. De referir também que os outros familiares são a principal fonte de todos os tipos de suporte, com exceção do cuidar que é assegurado essencialmente pelos filhos. De um modo geral, os resultados deste estudo acabam por reforçar a leitura ecológica do envelhecimento humano, enfatizando a importância dos contextos físicos e sociais para a forma como as pessoas vivem e envelhecem.
The individual and population aging is a phenomenon that has been increasing in the last decades, with a growing number of elderly people living in their homes. According to Pastalan (1990) “Aging in place refers to being able to remain in one’s current residence even when faced with increasing need for support because of life changes, such as declining health, widowhood, or loss of income” (p.1). On the other hand, other authors consider the Aging in place approach as an emergent policy focused on understanding the interaction between changes that occur in the aging process and in the environment where the old person lives, preserving the continuity and maintenance of the old person in the context where he/she has always lived. In turn, Paúl (2015) considers Aging in place as the permanence of the elderly in his own place even when his functionality decreases and there is a need for support to make up for the loss of autonomy. According to Feldman et al. (2004), the majority of elderly people prefer to stay in their own residence as they grow old. This preference is mainly related to the possibility of older people remain independent and autonomous for a longer period of time and keep in touch with their social network. This sort of relationship or bond is, undoubtedly, very important for the aging process quality. Therefore, the physical and social environment, such as neighborhood and social support networks, can act as an optimizing or limiting factors of individual aging, as they interfere with the autonomy, life quality and wellbeing domains. Considering the above, this quantitative and descriptive study aims: (1) to provide a sociodemographic description of the elderly people living in two social housings of a north country municipality; (2) to assess the social support networks of people aged 65 and over, living in two social housings of a of a north country municipality; and (3) to assess the bond between the residents aged 65 and over and their house and neighborhood. In this study participed 19 people aged 65 and over, living in a social housing of a municipality in the north of Portugal. Data was collected through a semi-structured questionnaire, specifically designed for this study and the Convoy Technique. The results lead us to conclude that the participants are mainly women, in the third age (M = 76,32, SD = 8,91) and poorly educated (M = 1,74, SD = 1,97). In addition, they show a strong bond with their house and their neighborhood, since the majority considers they live in the house they dreamed of, they are satisfied with it and that it is a source of positive memories; also, the majority enjoys living in the neighborhood, is satisfied with the neighborhood’s conditions and security and points out the scarcity of proximity services as the main limitation. Considering the social support, in terms of the social support network’s structural component, the closest circle (composed of an average of 2,2 people) is the one encompassing a larger number of elements, which tend to diminish as the circles move away, with an average of 1,1 individuals in the farthest circle. Concerning the social support functional dimension, it is important to highlight that all participants have elements in their network that provide them with all kinds of social support, and no participant has been identified as not receiving one or more kinds of social support. It should also be noted that the other relatives are the main source of all kinds of support, with the exception of caregiving, which is mainly ensured by sons and daughters. Overall, the results of the study reinforce the ecological approach to human aging, emphasizing the importance of physical and social context for the way people live and age.Descrição:
Dissertação de Mestrado em Gerontologia Social apresentada na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viana do Castelo URI: http://hdl.handle.net/20.500.11960/1900
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