Ines Rioto
Edifício Cia dos Amigos - Brooklin - São Paulo... com termômetro da amizade.
Por João Batista Jr - 2009
Nada de elevador privativo, muitas vagas na garagem ou jardim de inverno dentro de casa. Quando vendeu seu apartamento na Vila Mariana, o empresário Julio Lagheto saiu à procura de um lugar que ampliasse seu círculo de amizades. Dono de uma corretora de seguros, ele optou por viver em um condomínio no Brooklin projetado para enturmar seus moradores. “Aos 67 anos, senti que minha qualidade de vida melhoraria se estivesse rodeado de gente interessada em viver como uma comunidade”, diz ele, que é separado há dezesseis anos.
Para que o Companhia dos Amigos ficasse com a personalidade de uma vila – – dessas em que os vizinhos são amigos e se frequentam -, a construtora Obracil contratou a Aha!, consultoria de gestão sustentável que presta serviços para empresas como Vale e Gradiente. “Pensamos em diversas maneiras de aproximar quem se mudasse para cá”, conta a sócia da Aha! Anita Prado, que gostou tanto da ideia que comprou uma unidade no prédio .
A engenhoca que mais faz sucesso foi batizada de “termômetro da amizade”. Trata-se de uma espécie de semáforo instalado na sala de cada um dos apartamentos. Ele indica se seus vizinhos estão abertos a a visitas (luz verde), se não querem ser incomodados no momento (luz amarela) ou se estão passando por algum problema (luz vermelha). “Só fica sozinho quem quer”,
as paredes das áreas comuns foram pintadas frases sobre amizade, entre elas “Jamais sofrerá de solidão se tiver ao menos um amigo” e “Amizade é o amor que nunca morre”.
Como a dinâmica de viver em comunidade implica em pôr a mão na massa, todos foram escalados para equipar o espaço gourmet (sala de estar e cozinha comunitárias), que conta com fogão semi-industrial e forno de pizza. “Muitos deixaram imóveis grandes para viver em apartamentos de 104 metros quadrados”, conta Anita. “Nem tinham onde colocar os móveis.” Jogo de sofá, estante e louças estã estão entre os itens doados para as áreas comuns do edifício. Os condôminos também colaboram dividindo experiências .
Um dos moradores dá início a aulas gratuitas de italiano todos os domingos de manhã. Das 22 unidades, apenas três têm proprietários com menos de 40 anos de idade. “Esse modelo de condomínio, que existe há dez anos nos Estados Unidos, reúne pessoas de classe alta e cai no gosto dos mais velhos por minimizar a solidão”
Carlos Ferraro, proprietário da construtora investiu 6,2 milhões no projeto.